Wallid Ismail Jiu-Jitsu
Wallid Ismail é um lendário faixa preta de Jiu-Jitsu que competiu representando a Academia Carlson Gracie nas décadas de 1980, 1990 e até ao começo da década de 2000, tanto na arte suave como no MMA (artes marciais mistas). Era famoso pela sua raça (atitude) dentro do tatame, pela sua lealdade ao seu Mestre
Carlson Gracie e a sua rivalidade com algumas figuras do esporte na época, nomeadamente Ryan Gracie,
Royce Gracie ou Edson Carvalho. Wallid Ismail se tornou também num promotor de sucesso, através do Jungle Fight, uma organização de MMA brasileira.
Nome Completo: Wallid Farid Ismail
Apelido: ‘Paraíba’ era o apelido usado pelos parceiros no time de Carlson Gracie, devido às suas origens.
História de Wallid Ismail
Wallid nasceu no dia 23 de Fevereiro de 1968 em Manaus (Estado do Amazonas – Brasil). Começou a treinar Jiu-Jitsu em 1980 na sua cidade natal, com Ary Almeida, representando o amazonense em vários campeonatos locais.
Acreditando bastante em si próprio e motivado pelas suas vitórias representando o time de Almeida, Wallid decidiu que queria se dedicar ao mundo da luta e escolheu se mudar para o Rio de Janeiro para treinar com Carlson Gracie. Corria o ano de 1984 e ele levou 2 dias e 2 noites viajando de ônibus para chegar no Rio, mas logo que chegou ele deixou a sua marca. Quando entrou na famosa academia Carlson Gracie em Copacabana, só tinha um “magrelo” sentado no tatame e Wallid lhe perguntou se ele queria dar um rola soltinho (com chute e tapa de mão aberta) antes do treino começar, o magrinho aceitou. Eles lutaram e Wallid tomou uma surra violenta do lutador mais pequeno. Quando os outros alunos começaram a chegar para o treino os dois pararam o rola e Ismail foi no vestiario para colocar o kimono para a aula de Jiu-Jitsu (Wallid disse mais tarde que ficou estupefato com a surra que tinha tomado de um cara tão pequeno). Quando ele regressou ao tatame ele descobriu que o magrinho era instrutor auxiliar na academia e uma lenda viva do esporte – Ricardo de la Riva.
Carlson Gracie imediatamente se afeiçoou ao amazonense, apesar de que nessa época Wallid era bem diferente do homem que hoje conhecemos, sendo descrito pelo falecido Carlson como um “cara gordinho e cabeludo”, apesar da sua vontade inabalável de sucesso ser a mesma. Como Ismail não tinha dinheiro, Carlson permitiu que ele ficasse sem pagar (algo que Carlson fazia frequentemente com os alunos de menos posses).
No seu primeiro campeonato no Rio de Janeiro, Wallid tinha apenas 3 meses de treinamento com Carlson Gracie e só sabia como passar a
guarda. Sendo astuto como sempre foi, ele começou a espalhar o boato no local do evento que ele era um lutador de Judô famoso de Manáus e o seu plano deu certo! Quando chegou na hora de lutar, todos os seus oponentes imediatamente o chamaram para a guarda com medo de tomar os pontos da queda e Wallid conseguiu aplicar o seu jogo de passagem.
Existem muitas histórias em volta dessa lenda do Jiu-Jitsu, uma delas aconteceu no começo da década de 1990 depois de uma briga entre Rickson Gracie (do Jiu-Jitsu) e Hugo Duarte (da Luta Livre) numa praia do Rio de Janeiro, a galera da Luta Livre invadiu a academia Gracie para destruir o espaço com os alunos dentro. Quando Wallid soube do que estava acontecendo através de um telefonema (apesar dele ser da Carlson Gracie e da rivalidade existente com a Academia Gracie) ele correu para a academia Gracie (sozinho) para ajudar a combater os atacantes da Luta Livre.
Wallid sempre foi um grande defensor do Jiu-Jisu e outro exemplo disso aconteceu no pico da rivalidade entre a Luta Livre e o Jiu-Jitsu. Foi lançado um desafio para decidir qual era de fato a melhor luta, a mais eficiente no Vale Tudo no Brasil. As duas formas de luta tinham batido de frente tanto em campeonatos como nas ruas e o evento foi marcado para terminar com essa disputa de uma vez por todas. Mestres das duas artes marciais foram escolhidos e apesar de Wallid ser apenas faixa marrom na época ele implorou ao Mestre Carlson para lutar, foi tão persistente que ele acabou aceitando. Ismail era o único lutador que não era faixa preta mas deixou o seu mestre orgulhoso, vencendo a sua luta após uns esgotantes 16 minutos, por KO técnico, assim como todos os seus colegas do Jiu-Jitsu. Este foi um momento decisivo na história do Jiu-Jitsu, porque se a Luta Livre tivesse vencido, o bom nome da arte suave teria provavelmente caído no esquecimento.
Outro momento famoso de Wallid foi quando ele lutou num campeonato local contra “Jucão” na faixa marrom, a um determinado tempo na luta, Ismaíl estava perdendo de 9×0. Nesse momento “Jucão” conseguiu encaixar um armlock bem justo, estalando o braço de Wallid várias vezes. Ismail recusou desistir e conseguiu fugir desse ataque e ainda foi vencer a luta por pontos.
Um forte defensor de Carlson Gracie, ele sempre apoiou a sua escola contra tudo e todos, inclusive membros da família Gracie. Se mantendo fiel à sua palavra, ele conseguiu a primeira vitória sobre um Gracie, na faixa marrom, contra Ralph Gracie. Lutou contra outro Gracie alguns anos mais tarde (1993), dessa vez como faixa preta, sendo o derrotado o lendário Renzo Gracie.
Durante vários anos, Wallid desafiou os líderes de família Gracie, pessoas como Rickson e Royce, afirmado que ele lutaria contra qualquer um em qualquer que fosse o estilo de luta. Finalmente em 1998 Royce aceitou o desafio, no Jiu-Jitsu, mas com um conjunto de regras diferente, sem limite de tempo e sem pontuação. A luta foi marcada como um evento de beneficência chamado “Jiu-Jitsu Contra a Violência” e teve uma grande cobertura por parte da imprensa de todo o Brasil. Foi nessa época surgiu a frase que se tornou na imagem de marca de Wallid, quando ele disse a um jornalista: “Se ele pensa que vai vir ao Rio para pegar sol, está muito enganado, pois vai encontrar o tempo ruim o tempo todo”. Wallid finalizou a luta com o seu característico Estrangulamento do Relógio, botando o Gracie para dormir.
Depois da luta com Royce, Wallid gozou um período de bastante popularidade. Era um dos primeiros lutadores de Jiu-Jitsu a conseguir viver da arte suave no Brasil, vivendo do dinheiro das bolsas e dos seus patrocinadores, sendo também um dos primeiros a utilizar patrocínio no kimono.
Provavelmente uma das maiores rivalidades no Jiu-Jitsu da época era entre Wallid e o falecido Ryan Gracie, uma desavença que começou numa praia de Copacabana quando Ryan (que estava acompanhado de amigos e colegas de equipe) agrediu Wallid, que estava sozinho. Wallid mais tarde desafiou Ryan por várias vezes para uma luta, mas o desafio terá sido evitado pelo Gracie
Outro momento famoso na vida de Wallid foi a sua briga de rua contra Edson Carvalho, um duro lutador de Judô e faixa preta de Jiu-Jitsu que na época tinha se juntado à obscura arte marcial liderada pelo homem que se intitulava como “Mestre da Morte” e que afirmava que o seu estilo de luta (Yawara) poderia matar qualquer um só com um toque de seus dedos. Essa famosa luta aconteceu no clube de Judô Mehdi, uma academia visitada por muitos dos alunos de Carlson Gracie para melhorar o seu Judô.
Reza a história que Edson Carvalho tinha tido um desentendimento com Wallid numa das aulas em que ambos tinham proferido palavras pouco amistosas. 3 Dias depois dessa discussão, Wallid regressou ao clube de Judô onde ele treinava no horário da manhã. Depois de terminar o seu treinamento e quando se dirigia para o balneário e se estava preparando para sair, Edson Carvalho entrou batendo forte em Wallid, que surpreendido e atropelado por Carvalho cedeu ao espancamento. O dono do clube, o Sr. Mehdi, não querendo ter nada que ver com essa confusão, expulsou os dois homens de sua academia. Edson jogou então Wallid das escadas abaixo e continuou batendo repetidamente. Alguns dizem que o irmão de Edson também se juntou à luta e ajudou a deixar Wallid sem sentidos. A polícia chegou quase uma hora depois, e Ismail estava ainda inconsciente, completamente desfigurado, com o nariz arrancado de sua cara e a sua cabeça tão inchada que quase não dava para ver uma das orelhas. Passou uma semana no hospital em estado considerado grave, naquilo que foi considerado por muitos uma tentativa de homicídio.
De seguida o Mestre de Edson Carvalho, o tal “Mestre da Morte”, desfilou por Copacabana se pavoneando com a camisa ensanguentada de Wallid. Mestre Carlson se encontrava nos Estados Unidos quando tomou conhecimento desse infeliz acontecimento e viajou para o Brasil no primeiro avião que conseguiu encontrar. Terá achado o “Mestre da Morte” e teve de ser puxado de cima dele. – Todos esses eventos foram descritos por Osvaldo “Paquetá” e por “Bebeo” Duarte no site intheguard.tv há alguns anos atrás.
No começo da década de 2000, Wallid terminou a sua carreira no MMA com um registro de 9-3-0 e abriu a sua própria academia (com a aprovação de Carlson) chamada Brasil Dojo, junto com seu amigo de longa data e promotor de lutas “Antonio” Inoki, enquanto planejava trazer o MMA de volta para o Rio de Janeiro. O esporte estava longe da Meca do Jiu-Jitsu há muito tempo, desde o final da década de 1990 onde as constantes brigas nas arquibancada dos eventos tinham dado um mau nome ao MMA. Ele começou os eventos de MMA na sua cidade natal, Manaus, em 2003 onde juntou alguns dos melhores lutadores do Brasil e o evento – chamado Jungle Fight – se tornou um sucesso, fazendo com que ele abandonasse o seu projeto na Brasil Dojo para se focar só no Jugle Fight
Além do Jungle Fight, Wallid virou também o manager de vários lutadores muitos deles lutadores de alto nível, como Paulo Thiago, Erik Silva ou Sérgio Moraes.
As informações utilizadas que serviram como base desse publicação foram extraídas do site : bjjheroes.com, do próprio site das academias e/ou dos atletas, e de publicações de revistas como Graciemag, tatame, entre outras. O dia em que Wallid Ismail botou Royce Gracie para dormir
Em um dia histórico para o mundo do jiu jitsu, Wallid Ismail enfrentou Royce Gracie em uma luta de Jiu Jitsu, no decorrer da luta Wallid conseguiu encaixar um estrangulamento relógio que botou royce Gracie para dormir. Confira a luta na integra no vídeo abaixo:
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