Conheça a Verdadeira História do Jiu Jitsu Brasileiro
Introdução
A história do Jiu Jitsu é uma fascinante jornada que remonta a séculos atrás, na Índia antiga. Desde então, essa arte marcial evoluiu e se disseminou pela Ásia, ganhando destaque no Japão e chegando ao Brasil. Conheça as origens e o desenvolvimento dessa poderosa técnica de defesa pessoal que conquistou o mundo.
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A Origem do Jiu Jitsu
Para entender e conhecer a história do Jiu Jitsu, é necessário viajar no tempo, para aproximadamente 500 A.C. e mais precisamente para a Índia, país berço da maioria das religiões.
Nesta época, vivia um homem culto e de grande inteligência chamado Siddhartha Gautama, também conhecido como Buda. O budismo, religião que levava o seu nome, rapidamente difundiu-se por toda a Índia. Uma das principais preocupações de Buda era dotar seus seguidores de ampla cultura e conhecimento geral, para que pudessem propagar sua religião e fé com maior facilidade. Dessa forma, os monges dos monastérios distantes eram obrigados a percorrer longas distâncias pelo interior da Índia, ficando assim suscetíveis a assaltos e roubos, algo que era comum naquela época. Atribui-se a esses monges budistas a criação de um sistema de autodefesa desarmada (já que o budismo é contra a violência), com o intuito de se protegerem. Com um profundo conhecimento dos pontos vitais do corpo humano e um entendimento avançado de física e alavancas, esses monges desenvolveram o que hoje chamamos de Jiu-Jitsu.
A disseminação pela Ásia
Cerca de dois séculos após a morte de Buda, o budismo e, consequentemente, o Jiu-Jitsu começaram a perder influência devido à predominância das religiões locais. Os monges budistas deixaram a Índia, obrigados a abandonar seu país de origem, o que resultou em um declínio da influência do Jiu-Jitsu. Buscando refúgio, eles estabeleceram-se em nações vizinhas, como Ceilão, Birmânia, Tibet e, posteriormente, expandiram-se pela região sudeste da Ásia, China e, finalmente, Japão. Foi no Japão que o Jiu-Jitsu ganhou força e foi introduzido no Ocidente.
No Japão daquela época, a divisão social entre as classes era nitidamente marcada, com uma reverência particular pelos nobres e samurais. Foi entre os samurais que o Jiu-Jitsu se fortaleceu e se desenvolveu ainda mais. Tornou-se uma disciplina obrigatória para jovens e adolescentes que almejavam se tornar samurais, assim como a esgrima, a cavalaria, a pintura e a literatura.
Jiu Jitsu como arte marcial principal
Quando o Jiu-Jitsu migrou da Índia para a Ásia, a arte criada pelos monges começou a tomar diferentes rumos e ganhar outros estilos. Assim surgiram artes como:
SUMÔ: Uma arte que se baseia em quedas e desequilíbrio.
KENPO-JITSU: Uma arte que se concentra na aplicação de golpes traumáticos, que deu origem ao Kenpo e ao Karate.
No entanto, foi no Japão que o Jiu-Jitsu encontrou seu maior crescimento e desenvolvimento, tornando-se a melhor arte marcial já criada.
A partir do estilo Jiu-Jitsu, foram criados mais de 100 outros estilos, que se tornaram verdadeiras seitas dentro dos grupos onde eram ensinados. Com o passar dos anos, o Jiu-Jitsu se tornou a maior arte marcial japonesa e uma de suas maiores riquezas.
A origem do Judô – O Jiu Jitsu para “Inglês ver”
No início do século passado, uma invasão americana forçou o Japão, que até então se mantinha isolado do ocidente, a abrir seus portos e permitir o acesso aos estrangeiros. Isso colocou em sério perigo o grande segredo do país: o Jiu-Jitsu.
Modificações Sociais e o Desafio de Manter o Segredo
Essa abertura trouxe consigo uma época de grandes transformações sociais no Japão. Com a “ocidentalização” em curso, a presença de estrangeiros, principalmente europeus e americanos, representava um grande desafio para os japoneses: como manter o Jiu-Jitsu em segredo?
Os japoneses, em sua maioria pessoas de estatura relativamente baixa e porte físico menor, tinham uma vantagem real em confrontos corpo a corpo contra europeus e americanos, que geralmente eram maiores e mais robustos. No entanto, se esses estrangeiros aprendessem o Jiu-Jitsu, essa vantagem desapareceria, o que se tornaria um problema ainda maior.
A Criação do “Jiu Jitsu para Inglês Ver”
Foi então que o Governo Japonês decidiu criar uma versão falsa do Jiu-Jitsu, uma luta sem efetividade real, um Jiu-Jitsu apenas para “Inglês ver”.
Nessa época, Jigoro Kano, um funcionário do Ministério de Cultura Japonesa e professor de Jiu-Jitsu, recebeu a missão de criar essa versão falsa. Foi então que nasceu o sistema Kano de Jiu-Jitsu, que posteriormente recebeu o nome de Judô. Essa arte marcial foi fundamentada em projeções e imobilizações, com ênfase reduzida em finalizações. Dessa forma, foi possível esconder o verdadeiro Jiu-Jitsu dos olhos dos ocidentais.
O Judô como Alternativa Aceitável
Naquela época, as autoridades consideravam um crime contra a pátria ensinar o verdadeiro Jiu-Jitsu para estrangeiros. O ensino do Judô, por outro lado, era permitido e amplamente divulgado no ocidente como um esporte.
Assim, o Judô tornou-se a solução adotada para preservar o segredo do Jiu-Jitsu. Os japoneses conseguiram manter sua vantagem física, enquanto os estrangeiros eram introduzidos a uma versão adaptada e menos eficiente dessa arte marcial.
Jiu Jitsu no Brasil
No início do século passado, o Brasil recebeu a visita do professor de Jiu Jitsu Mitsuo Maeda, também conhecido como Conde Koma, que era cônsul do Japão no estado do Pará. Em Belém do Pará, o professor Koma se reuniu com alguns amigos, incluindo os irmãos Carlos, Gastão e Oswaldo Gracie, para compartilhar suas técnicas de Jiu Jitsu autêntico.
Carlos Gracie, por sua vez, ensinou algumas dessas técnicas ao seu irmão mais novo, Helio Gracie, que na época era um jovem franzino e sofria de vários problemas de saúde. Após começar a praticar Jiu Jitsu, Helio nunca mais enfrentou esses problemas.
Carlos, aos 19 anos, mudou-se com sua família para o Rio de Janeiro e se dedicou à carreira de lutador e professor de Jiu Jitsu. Ele viajou para Belo Horizonte e depois para São Paulo, onde ministrou aulas e derrotou oponentes fisicamente mais fortes. Em 1925, Carlos retornou ao Rio e inaugurou a primeira Academia Gracie de Jiu Jitsu. Ele convidou seus irmãos Oswaldo e Gastão para ajudá-lo e assumiu a responsabilidade pela criação dos irmãos mais novos: George, de 14 anos, e Helio, de 12.
Crescimento do Jiu Jitsu no Brasil
A partir desse momento, o Jiu Jitsu começou a se difundir no Brasil com dedicação e esforço. Para provar a superioridade dessa arte marcial, os Gracie promoviam lutas contra diversas modalidades da época, como boxe, capoeira, luta greco-romana e, posteriormente, judô e karatê. Com uma sequência de vitórias impressionantes, a família Gracie consolidou a reputação do Jiu Jitsu como invencível e superior às demais formas de combate.
Com o tempo, através de inúmeras lutas e estudos dedicados, desenvolveu-se o estilo brasileiro de Jiu Jitsu, com ênfase especial no combate no chão. Os Gracie rapidamente alcançaram fama e reconhecimento tanto no Brasil como internacionalmente.
Devido à residência da família Gracie no Rio de Janeiro durante muitos anos, o estado se tornou conhecido como o berço do Jiu Jitsu no Brasil. Além de Hélio, outros grandes nomes da família Gracie incluem Carlson e Rolls Gracie.
Familia Gracie – A Origem de tudo
Atualmente, consideramos Roger Gracie o maior vencedor de sua família e reconhecemos sua posição como o melhor lutador de Jiu Jitsu de todos os tempos.
Além da família Gracie, existem diversas academias no Brasil que realizam um excelente trabalho, como a Equipe Alliance, Nova União, Atos, GFTeam, entre muitas outras. Essas academias contribuem para o crescimento e desenvolvimento contínuo do Jiu Jitsu no país.